segunda-feira, 21 de junho de 2010

DUPLA TEMPORADA "COMPLEXO" E "EMVÃO" - JULHO 2010


Nova temporada – dois espetáculos: teatro. Como indica o cartaz, mesmo que não tenha sido intencional, já indica um “díptico” que agrupa as duas montagens, seja em um “modo contínuo”, seja porque se completam através de uma ou várias formas...Em “Complexo Sistema de Enfraquecimento da Sensibilidade” o ato se dá através da contemporaneidade psicossocial e através da razão, explode “para cima”; em contrapartida “Emvão” nos leva para os subterrâneos do mesmo ser - chamado humano – através das vísceras, implode “para baixo”. O primeiro um texto dramático, o segundo uma poesia dramática, completando-se até de forma espacial,( assim sempre segue meu olhar, que além das matemáticas cênicas no plano consegue ver os desenhos espaciais formados por diversas equações -para aqueles que entendem que uma equação pode significar uma curva, uma reta, um plano, um volume...). Nessa “dança” de volumes um devasta/explode e o outro perfura/implode. Simétricos e que se completam são parte que compõe essa que pode ser chamada de a “primeira fase do Antro”, ou primeiro ciclo, que está por se completar com um quarto espetáculo(solo, como foi o primeiro, mas ainda sem nome) – que forma também uma imagem espacial isométrica: imagine um plano, acima dele assenta-se o “Complexo”, abaixo dele prende-se o “Emvão” , acima de “Complexo” paira o “Entulho”(UM PONTO DE INÍCIO, ...SUSPENSO), abaixo de “Emvão” pendula-se o próximo solo(ainda sem nome). Muita "simetria", ou no plural, várias: em um o corpo “se equilibra”, noutro “salta”, cai, bate, briga(e explode?), noutro dependura-se, vaza, arrasta-se, escorrega(e implode?), noutro...(UM PONTO FINAL, PENDENDO...). Tanto cria espaço para muita reflexão – e é esse o “espaço” e o “discurso” do que se pode chamar de fazer teatral, que se queria integral, é claro. E o percurso do Antro chega a esse ponto crucial: o de provocar o debate e a reflexão. Seja pela construção, desconstrução, estética, discussão e até aberturas de novos caminhos da cena(ou em cena, diria melhor) para os verdadeiros fazedores dessa arte teatral. Os quatro espetáculos desse ciclo(dois deles seqüenciais e quase simultâneos agora na temporada do Viga em julho-2010 formando um díptico) abrem um amplo leque de arcabouços a partir do corpo(Entulho), da mente(Complexo), do coração(Emvão), do espírito(...). Abrem espaços para discussões humanísticas, políticas, sociais, psicológicas, poéticas... românticas... modernas... pós... contras...enfins. Mas, ainda gostaria de completar esse texto citando Adorno para tanto – como ele dizia de Alan Berg – que eu me aproprio para dizer do fio de coragem(por sensível que se apresenta, mas não frágil) do AntroExposto - "São passarelas estreitas e frágeis: debaixo delas há um murmúrio selvagem”(ler “Berg: o Mestre da Transição Mínima”, Theodor Adorno – Editora Unesp). Também “selvagem” como o que há na obra “Concerto para Anarquia: um piano que toca com suas entranhas” , da artista plástica alemã Rebecca Horn(ver imagens da Mostra “Rebelião em Silêncio” no site estadão.com.br/e/d3). OBS: As apresentações das duas peças, Complexo e Emvão serão seguidas por ciclos de debates durante o mês de julho-2010 no Espaço Viga.(Por isso tudo, além de Adorno, me chama a atenção a obra de Bachelard, onde entre as obras diurnas destacam-se "O novo espírito científico"; "A formação do espírito científico"; "A filosofia do não"; "O racionalismo aplicado" e "O Materialismo Racional". Dentre as obras noturnas, pela Filosofia da Criação Artística, destacam-se "A psicanálise do fogo"; "A água e os Sonhos"; "O ar e os sonhos"; "A terra e os devaneios da vontade"; "A poética do espaço", todas a que me obrigo reler).

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